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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

DESINQUIETO-ME

Acordo e acordo-me!
Encho-me de tédio de mim mesmo.
Doem-me os olhos de me ver e rever
Ao espelho.
Mesmo quando a escuridão me rodeia
E adormeço, sinto-me na prisão
Do meu corpo, convulsões tempestuosas
Para sair da gaiola humana.
O teu toque já não é suficiente para me
Despertar do cárcere e por isso
Desinquieto-me.
Vontade de apertar as tuas mãos
Com força quase bruta para que percebas
Que preciso de mais, preciso me fundir
Contigo, sair de mim, de ver o meu reflexo
Nos teus olhos e não na estática e
Descorada superfície do espelho.
Acordo e acordo-me!
Tenho medo que a tua alma fique para
Sempre assim, presa, que as nossas
Mãos se desenlacem e fiquem inertes,
Apenas mais uma parte de um corpo
Triste e amorfo.
Tenho medo de acordar e querer ir embora.

Alexandre Alaor

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