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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A UMA AMIGA ESPECIAL
HANNA BRESCIA.



Sinto-me
ausente dos sons
em berros de
formatura impondo
ritmos aos corpos
serpenteados de suor.

Recolho-me às
escadas da vontade da letra.

A letra sentou-se do meu lado,
escreveu-me um poema:

Acrescentei um lábio ao dedo,
afoguei-o num toque da língua
e escrevi num dos degraus:
"tenho descosido o lado esquerdo da alma".

O corpo? dei-o a um mendigo
que tremia com o frio da minha dor.
Depois, olhei a fuligem no
rosto do indicador e vi o reflexo
do fundo do meu vazio.

Estou presa ao que
mais temo das minhas extremidades...
os meus passos.
Por mais que eu me puxe,
sempre mergulho na poeira da caminhada.

Sempre que evito
o escorregar de uma decisão,
sempre sou muito mais mim
de encontro ao desconhecido...

Arranho a solidão que me busca,
a busca arranha a solidão.

Escorrendo nas paredes
de cada pequeno calar
que espreita à cada gesto
sinto-me um espectador do mundo
e desconheço onde estou,
mas sei que o mundo cambaleia
por baixo do parapeito da minha janela!

Helena Correia

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